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Mostrando postagens de setembro, 2009

Procuro estágio no setor de mães.

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Foi dormir aborrecida. Havia escutado umas malcriações do filho quase adolescente. O menino reclamou que era muito chato ficar com a mãe em casa. Ela pegava no pé e lhe mandava fazer coisas insuportáveis, como arrumar a bagunça, ou buscar na venda uma coisinha ou outra que faltava. Ela mesma reconhecia que era uma discussão boba, fácil de relevar. Mas rejeição de filho dói. Por menor que seja. Além do mais, ele já era grandinho. Podia muito bem ajudar na casa. Mas como fazer para isso acontecer sem tanto desgaste e reclamação? Achou engraçada a vida. Desde que nasceu foi preparada para o mercado de trabalho. Passou anos estudando nas melhores escolas que seus pais puderam proporcionar. Fez curso de línguas, datilografia, pré-vestibular, faculdade, estágios. Aprendeu a se vestir para uma entrevista, a demonstrar confiança, a sobreviver a uma dinâmica de grupo, a elaborar um currículo matador, a lidar com chefe meurótico, fornecedor furão e colegas fofoqueiros. Sobreviveu a tudo e a

Sacolinhas plásticas na publicidade.

Há um fenômeno curioso que acontece entre os publicitários brasileiros. Eles ADORAM o primeiro mundo. Os carros do primeiro mundo. Os prêmios do primeiro mundo. Os hotéis de luxo do primeiro mundo. As lojas que, mesmo em terras paulistanas, imitam as do primeiro mundo. Adoram também os vinhos, as canetas, as charmosas cidades, o visual urbano descolado, os filmes, as louras esguias, os restaurantes, o uísque. Porém, quando o assunto é fazer o Brasil virar primeiro mundo, eles boicotam descaradamente. Se tem uma coisa que publicitário brasileiro odeia é trabalhar num país de primeiro mundo. Só isso explica o lóbi feio, muito feio, vergonhoso, que eles fizeram para que a propaganda de cigarro não fosse proibida por aqui. Coisa que, há tempos, já era proibida no primeiro mundo. Propaganda de bebida alcoólica também já foi banida em muito países. Mas por aqui, os cidadãos publicitários fizeram campanha, foram pra Brasília, apertaram mão de parlamentar e etc. Conseguiram manter a milionária

Quero ser pai.

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O menino andava estranho. Deu para ter medo de dormir no quarto dele. Dizia que lá tinha um monstro. A mãe tentou de tudo. Homeopatia, dormir com ele, prece pro Papai do Céu, evitar desenhos agitados à noite, luzinha azul, esporte de dia pra cansar à noite, benzedeira. Mas o pânico persistia. Seu último recurso, pensou, seria uma psicóloga. Até que o pai disse: "Vou resolver essa história do meu jeito. Tudo bem?" Na última madrugada, quando o menino gritou assustado, o pai foi até o quarto dele segurando uma enorme faca de churrasco. Acudiu carinhosamente o filho e disse: "Hoje eu vou dar um jeito nesse monstro. Fica lá fora com a sua mãe. Não entre no quarto até eu avisar que está tudo bem." O menino e a mãe saem espantados. O pai fecha a porta e eles escutam uns ruídos estranhos vindos de dentro do quarto. Móveis se arrastando, porta de armário batendo, gemidos, pancadas, som de luta, uivos, janela abrindo. O tempo passa nervoso. O barulho vai diminuindo. Até que

A escola acolhedora.

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Duas mulheres. Dois filhos com problemas comportamentais. Duas escolas. A primeira mãe enfrenta o problema há alguns anos. Já passou por mais de 9 especialistas, faz todos os tipos de terapia, inclusive medicamentosa e vai levando a vida, na expectativa da entrada do menino na adolescência. É tranquila para tratar do assunto e muito grata à escola do garoto que, nas palavras dela, "abraçou a causa". A segunda acaba de receber a "notificação" de que seu filho apresenta problemas. Chegou aflita e absolutamente perdida depois de uma reunião na escola. Viu-se diante de uma professora queixosa e quase irritada com o comportamento da criança. "Ele é dispersivo, atrapalha o andamento da aula, engasga na hora do lanche, não fica parado...", enfim, ficou claro para a mãe que seu filho, aquela criatura que ela ama mais do que tudo na vida, aos 6 anos, é um estorvo. Para provar o que diz, a professora começou a cronometrar o tempo que o menino leva para realizar uma

Mamãe e as galinhas.

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Depois do coador de pano , do sabão caseiro e da composteira, minha última "encasquetação" foi comprar galinhas d'angola. Moro perto de uma mata que vira e mexe nos manda, além de ótimas vibrações, alguns visitantes indesejados, como cobras, aranhas, escorpiões e outros insetos. As galinhas d'angola são excelentes para fazer um controle biológico, além de muito bonitinhas e autônomas. Soltas na área verde, não dão trabalho algum. O plano era comprar um macho e três fêmeas, mas logo aprendi que, nesse negócio de galinhas, as coisas não seguem muito o plano. A loja só tinha machos e eu não tinha uma gaiola para fazer a adaptação do bichinho. Ia desistir, mas a criançada chorou tanto, que acabei trazendo um galo que passou a noite num carrinho de feira 5 estrelas. Dia seguinte, consegui achar as fêmeas em outra loja, mas diante da superlotação no carrinho de feira, soltei a galinhada no quintal para a devida adaptação. Foi uma festa. Galinha d'angola é muito engraç

Promoção - Festival Internacional de Cinema Infantil

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O Ombudsmãe está ajudando a divulgar um evento bem bacana que acontecerá em algumas cidades (na minha não! Snif, snif....). É o Festival Internacional de Cinema Infantil, organizado pela Carla Esmeralda e pela Carla Camurati e que será exibido em alguns Cinemarks, a um preço bem popular. Em São Paulo, a festa da abertura acontecerá no dia 12, quando 10 filmes do Festival estarão em cartaz, simultaneamente, no Cinemark Eldorado. O Ombudsmãe vai sortear um ingresso para este evento, válido para 4 pessoas. Para participar, você só tem que colocar no seu blog um textinho divulgando o FICI, com um link para o site deles - www.fici.com.br . Depois faça um comentário neste post avisando da sua participação. Não esqueça de colocar o endereço do seu blog. Mas, tem que ser vapt vupt. Segunda-feira, dia 7/9, é o último dia para participar. Se você ganhar, depois conte pra gente como foi. Se não ganhar, enxugue as lágrimas, junte a molecada e vá ao Cinemark conferir a programação, porque vale a p

Desmistificando o coador de pano.

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Outro dia, num impulso, comprei um coador de pano. Este singelo objeto já foi tema de discussões aqui no Ombudsmãe, num texto sobre redução de lixo e consumo. (clique aqui para lê-lo) Cheguei em casa, chamei a minha gerente para assuntos avançados de economia doméstica - a empregada - e perguntei se ela sabia como usar aquilo. Ela riu e disse que na casa dela só se coa cevada no coador de pano. (A bichinha é mórmon e desconhece os prazeres celestiais da cafeína.) Como todo bom consultor, a primeira coisa que ela fez foi apontar um impedimento: "Cadê o suporte?" "Que suporte?" "O suporte de arame pro coador ficar pendurado enquanto o café coa e depois para secar." Pensei no trampo que seria ir atrás do suporte e resolvi improvisar, como quase tudo que faço na vida. Fiz assim e foi fácil demais: 1) Lavei o coador com água somente. 2) Me lembrei que minha mãe fervia os coadores novos em água e pó de café para não dar gosto. Fiz o mesmo. Coloq

Historinha canhota da evolução das coisas.

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Nos idos anos 20, a pequena filha de imigrantes é matriculada no primeiro grupo. Logo na primeira aula, toma uma surra de régua de madeira na palma da mão. Seu delito: segurar o lápis com a mão esquerda. As surras se tornaram diárias, pois a pequena era bem distraída e volta e meia segurava o lápis com a mão sinistra. Ela acabou aprendendo a escrever, só a escrever, com a direita. Mas foi tudo o que aprendeu. Repetiu tantas vezes o primeiro ano que a mãe achou melhor tirá-la da escola. Colocou-a no curso de corte e costura e a menina revelou-se uma boa aluna, apesar de segurar a agulha só com a mão esquerda. Na aula de pintura em porcelana, duas avós conversam. Ambas criaram seus filhos nos anos 60 e 70. "Sabe que o meu filho é canhoto?" "Jura? O meu também é!" "Quando ele era criança você o obrigava a escrever com a mão direita? Eu nunca fiz isso." "Ah eu também não. Tinha muita gente que falava que tinha que forçar, amarrar a mão esquerda e tudo mai